O grupo conseguiu reproduzir todo o processo natural em laboratório e gerou um vírus cuja maquinaria genética funciona normalmente, de forma idêntica a um micróbio natural que infecta bactérias.
O estudo abre caminho para desenvolver micróbios capazes de combater doenças, mas também suscita questões sobre até que ponto a ciência pode manipular a natureza.
A pesquisa de criação de vírus artificiais é vista com reservas ainda porque, teoricamente, também poderia ser empregada para o desenvolvimento de armas biológicas.
Esse não é o primeiro vírus artificial. Todavia, é o primeiro a funcionar perfeitamente bem, mostrando que o método de fato funciona. Um vírus da pólio sintético já havia sido criado em laboratório em 2002, mas o processo levou anos e o microorganismo apresentou imperfeições.
Desta vez, os especialistas concluíram a tarefa em apenas duas semanas e o vírus funciona perfeitamente. Trata-se de um vírus Phi-X174, o primeiro organismo a ter seu genoma decifrado. Segundo os cientistas, o trabalho pode levar à manipulação genética de organismos mais complexos, o que ajudaria no combate a doenças hoje incuráveis.
Publicado na revista americana 'Proceedings of the National Academy of Sciences' (PNAS), o trabalho foi coordenado pelo geneticista Craig Venter.
Polêmico, Venter é um dos geneticistas mais conhecidos do mundo. Em 1998, ele criou uma empresa, a Celera, que decifrou o DNA do homem no mesmo tempo em que o consórcio público Projeto Genoma Humano.
Este ano, à frente do Institute for Biological Energy Alternatives, também fundado por ele, Venter liderou o grupo que fez uma versão preliminar do genoma do cachorro.
Para criar uma versão inteiramente artificial do vírus Phi-X174, os cientistas quebraram seu genoma em fragmentos e os remontaram com a ajuda de uma técnica chamada Agrupamento por Ciclo de Polimerase, que faz cópias do material genético.
A base da pesquisa está em programas computacionais que permitiram acelerar o processo de montagem e produzir um vírus em apenas 14 dias, usando DNA sintético. Segundo Venter, o vírus é indistinguível do natural.

Facebook
Twitter
RSS
0 comentários: